quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O PRESENTE DE NATAL / Valter Gonçalves


Grande Valtão, - Estou Feliz, como pode ser notado havia encerrado, as postagens do Ano, com a mensagem Natalina, porém, por dever de oficio e diante deste maravilhoso texto que representa o nosso Grupo de amigos, Ta lá, bjks e Feliz Natal... Marcão



Prezados boleiros:  O Marcão me pediu para escrever algo para o seu blog e até agora, não pude atendê-lo como gostaria.


Na verdade, pelo pouco tempo que tenho de convivência no grupo, ainda não conheço todos, principalmente em relação aos aspectos que caracterizam alguns dos participantes, aspectos esses que poderiam ser utilizados nas brincadeiras e gozações, sempre, é claro, mantendo o respeito que tenho por todos.


Acompanhando as mais recentes ocorrências, observei um fato que poderia ser explorado com mais profundidade. Trata-se daquele episódio envolvendo o Cláudio, solitário no parque das bicicletas, num desses domingos chuvosos aguardando o comparecimento de algum outro boleiro herói (ou maluco) para lhe fazer companhia.


Alvo de algumas gozações bastante inspiradas contidas nos e-mails trocados pelos boleiros, resolvi escrever sobre o tema.  - Como estamos no natal, julguei oportuno escrever algo imaginário, próprio desta época de festas,  porém, bastante representativo da realidade do grupo, cujo título poderia ser: PRESENTE DE NATAL.


Leiam o texto. Está um pouco longo mas vale à pena ler até o fim.... Espero que gostem!
Um forte abraço,    Valter Gonçalves


O PRESENTE DE NATAL


Às 9h45 de um domingo chuvoso desses últimos que tivemos em dezembro, no parque das bicicletas, poucas pessoas se divertiam naquele local como habitualmente ocorre nos finais de semana ensolarados.


Bastava uma vista d’olhos para inventariar meia dúzia de gatos pingados vagueando pelas pistas do lugar...Concentrando o olhar em direção ao campo de futebol society era possível notar um homem sentado à beira do campo, sozinho, olhar fixo em direção ao campo de jogo, ombros caídos...


Pasmem! Era o Claudio! Num certo momento, um daqueles anônimos presentes no parque se aproximou do Cláudio e perguntou com certo ar de curiosidade:   - O Sr. está esperando por alguém?



O Cláudio, com os olhos banhados de água (indesvendável até o momento se da chuva ou de lágrimas...) respondeu:  - Vim para jogar bola, mas parece que os meus amigos não tiveram a mesma idéia, disposição e coragem. Acho que o homem lá de cima não queria que houvesse jogo hoje e mandou chuva....

Nesse momento aquele homem chegou mais perto, colocou as mãos sobre os ombros do Claudio e disse: - Fique tranqüilo, o Sr. vai jogar com seus amigos hoje! Pode esperar!  
Ouvindo aquelas palavras, o Claudio procurou se animar e respondeu: -Bem que eu gostaria de jogar mesmo, mas não tenho qualquer esperanças meu amigo!




Esboçando movimentos para recolher os sacos de bolas e coletes que guardava como um digno depositário fiel dos boleiros , o Cláudio observou, esgazeando cada vez mais os olhos, que aquele homem começou a sorrir olhando para o céu, como se estivesse convocando o sol para aparecer e como num passo de mágica o sol, que estava até então escondido, começou a mostrar sua “cara” avivando esperanças de um dia bonito!


Em poucos minutos o sol se definiu brilhante como nunca! As poças de água acumuladas em diversos pontos do campo começaram a evaporar rapidamente tornando o lugar praticável para jogo de futebol.




Assombrado, o Claudio percebeu que as surpresas não terminavam mais! Logo começou a chegar os boleiros, Marcão, Dante, Ulisses, Paulinho, Wagner, Bruno, Gaucho, Antero, Everton, Patrice, Dr. Ad, Renato, Stefan, Felipe e Alexandre, que pareciam ter combinado chegar ao mesmo tempo, quase todos trazendo a costumeira alegria e descontração.


O Cláudio, esboçou sorriso entre orelhas e disse em alto e bom som:  - Hoje vou reviver os meus velhos tempos! Não quero que nem Deus me ajude!.  E foi logo tratando da divisão das equipes....  
-No azul: o Bruno no gol, Alexandre, Antero, Eu, o Felipe, Paulinho e Dante; no time vermelho: Stefan no gol, Ulisses, Gaucho, Renato, Everton, Dr. Ad e Marcão...




E o jogo começou.... O Cláudio, jogando no meio de campo logo recebeu a bola. Dominou com o pé esquerdo, penteou a bola com o pé direito, fintou o Ulisses que caiu sentado e finalizou contra o goleiro Stefan que fez milagrosa defesa colocando para escanteio...


O pessoal, atônito com aquela performance demonstrada um tanto quanto inabitual do Claudio, desconfiou que o nobre boleiro estava endiabrado mesmo! - Na seqüência do jogo, o Stefan repõe a bola com as mãos e o Marcão em vergonhosa e costumeira banheira finaliza para o gol com cabeçada certeira: Um a zero para os vermelhos.



Segue o jogo. Dada a saída pelos azuis e a bola chega nos pés do Claudio novamente. Bola vinda pelo alto, obriga o Claudio a matar no peito e trazer a bola para o domínio no chão. O Renato se oferece para o primeiro combate e sofre um drible curto, permitindo a evolução da jogada pelo Claudio. Nesse momento o Gaúcho,  imediatamente, calcula a distância entre ele e a bola, e não hesita!...vai de carrinho! Felizmente o cálculo do Gaucho estava completamente errado (possivelmente não tenha levando em conta a relação peso-velocidade...) e o Cláudio segue na jogada ileso... incrível!




Depois de sobreviver ao carrinho do Gaucho e agora diante do Stefan não perde a chance! Ameaça o chute e pisa na bola enquanto o Stefan que aguardava o chutão, se estatela no chão. Aí o Claudio exumou uma categoria considerada por muitos como sepultada há anos:  apenas suspendeu a bola encobrindo o Stefan e imprimindo uma velocidade à bola parecida com uma daquelas imagens  “slow motion” em replay de vídeo. Golaço!


Com a sensação de dono do jogo e com a sensibilidade dos grandes cartolas de times de várzea, o Cláudio observou que havia um boleiro, o Wagner, aguardando sua vez de jogar e sugeriu ordenando: - Paulinho saia um pouco para que o Wagner possa jogar. Logo mais você retorna no lugar de quem estiver mais cansado...




Silêncio geral. Todos aguardavam a costumeira choradeira do Paulinho que ao receber a notícia falou: - Tudo bem! Entra aí Wagner que eu fico aguardando um pouco... e vai caminhando em direção ao banco sorrindo... Era realmente uma manhã de milagres inexplicáveis....


E o jogo continua.... No ataque o azul. O Felipe pega a bola no meio de campo e parte em direção ao gol adversário. O Wagner que tinha acabado de entrar acompanha a jogada se desloca, livre, para a direita e pede bola:



 - Toca Felipe!  Mas o Felipe continua com a bola nos pés e agora cercado por dois adversários.  O Wagner, então, se desloca para a esquerda, e novamente livre de marcação pede a bola:  - Toca Felipe!  Mas, tudo em vão. O Felipe não atende e finalmente perde a bola resultando em rápido contra ataque e gol do time vermelho!



Cabisbaixo, o Felipe se preparou para ouvir as reclamações do Wagner, que, para surpresa de todos, disse:  -Vamos lá Felipe! Você tentou e não deu certo! Futebol é assim mesmo!  Com essas palavras do Wagner, ninguém tinha mais dúvidas. Algo estranho estava acontecendo. O grupo estava iluminado...



Depois de muito correr e todos bastante cansados, o jogo termina. Todos rumam para o banco para recuperar o fôlego minimamente necessário para o caminho de volta para casa, mesmo que seja de automóvel....



Rapidamente o grupo de despede e o Claudio fica por último... Ele nota que o tempo começa a ficar novamente fechado e subitamente cai uma chuva forte e rápida, inundando novamente o campo de jogo como estava às 9h45...



Nesse momento o Claudio sente alguém colocar as mãos sobre os seus ombros dizendo: -Por favor, o Sr. poderia sair do campo? Preciso fechar os portões... O Cláudio esboçando concordância com o pedido de retirada, olha para o rosto daquele homem que estava fardado e percebe que estava falando com o mesmo homem que o abordara quando ele estava sentado aguardando pela chegada de algum outro boleiro. E pergunta:



-Não foi o Sr. que falou comigo agora há pouco? Antes do jogo? O guarda, já passando a corrente e trancando os portões, olhou bem nos olhos do Cláudio e disse:  -Foi sim. Eu assisti o jogo e gostaria de parabenizá-lo! O Sr. marcou um gol fantástico e o seu grupo de amigos é maravilhoso! O Sr. não sabe, mas sempre estou aqui para assistir vocês e sempre peço ao meu pai para protegê-los.



-Seu pai? Perguntou o Cláudio ao guarda que já se distanciava do local. -Quem é seu pai? É um boleiro também?  Sem responder o homem partiu dizendo que estava atrasado e que voltaria qualquer desses dias para continuar o papo....



Feliz e irradiante, assim esteve o Claudio nesse domingo inesquecível para ele. Já noite, querendo compartilhar sua alegria, ele liga para consolar o Stefan e comentar sobre golaço feito quando foi informado que o Stefan havia viajado para fora de São Paulo na sexta-feira passada e somente retornaria na 4ª feira da próxima semana....


-Acho que liguei o nº de telefone errado...Falou sozinho o Claudio em voz baixa.... Desde então o Claudio não comenta o assunto com ninguém pois tem medo de obter qualquer outra prova de que tudo não passou de um sonho...  



Com a certeza de que Deus nos protegerá, desejo um Feliz 2010 para todos os boleiros! - Valter Gonçalves

3 comentários:

Marcão Ferrari disse...

Pois é, artilheiro é artilheiro, Marca até em jogo virtual, risos, abraços aos amigos e Feliz Natal

Anônimo disse...

Claudião, como você conseguiu domar o Dr Paulinho, somente, mesmo em sonho, risossssss.

Anônimo disse...

Outro milagre divino Wagner X Felipe, quem sabe....