Grande Ro, somente pra te provocar: "continue a abandonar a sua tonelada de repolho"... Texto transcrito da sua Monografia apresentada à UFSC. Força garoto, você é muito Forte e sobretudo AMADO. bjks Marcão.
Maturana & Varela (1995) encerram seu livro com o seguinte trecho da Fábula Os Ilhéus:
“Era uma vez uma ilha que ficava em algum lugar, cujos habitantes desejavam intensamente ir para outra região e fundar um mundo mais saudável e digno. O problema, todavia, era que a arte e a ciência da natação e da navegação nunca haviam sido desenvolvidas, ou talvez tivessem sido esquecidas. Por isso, havia habitantes que nem sequer pensavam em alternativas à vida na ilha, enquanto outros procuravam encontrar soluções para seus problemas, sem tudo pensar em cruzar as águas. De vez em quando, alguns nativos reinventavam a arte de nadar e navegar. Também de vez em quando, um estudante ia até eles e entabulavam um diálogo mais ou menos assim:
- O que está disposto para consegui-lo?
- Nada. Só desejo levar comigo minha tonelada de repolho.
- Que repolho?
- A comida que precisarei do outro lado, ou seja, lá onde for.
- Mas há outros alimentos do outro lado.
- Não sei o que está dizendo, Não estou seguro. Tenho de levar meu repolho.
- Mas não pode nadar com uma tonelada de repolho. É muito peso.
- Então não posso aprender. Chama meu repolho de carga, mas eu o chamo de meu alimento essencial.
- Suponhamos que, em vez de repolhos, digamos idéias adquiridas, ou pressuposições, ou certezas?
- Hummm... vou levar meus repolhos para alguém que entenda minhas necessidades.” (Shah apud MATURANA & VARELA, 1995, p.265).
Escolhemos finalizar essa reflexão interpretando essa história com mais profundidade, porque observamos uma relação muita estreita entre essa narrativa e a biologia do Conhecer e do Amar, e nossas experiências vividas através da realização do projeto CicloPoiesis de “se transportar” de bicicleta numa viagem.
18/02 Guayaquil / Rio bamba
Sex, 19 de Fevereiro de 2010 04:57
Uma cerveja e uma pizza em Riobamba, esse é o marco de um novo ciclo, o último da 3° etapa do projeto CicloPoiesis. Fazem 5 dias que estava descendo ladeira a baixo, apesar de estar pedalando no plano, me sentia cada vez mais perto do fundo do poço.
A rota de fulga foi em direção ao alto, para buscar o ar que me faltava, ironicamente onde a respiração é mais difícil, a 2800 metros a cima do nível do mar, especificamente em Riobamba (Ecuador).
Já não existe poço nenhum, a curiosidade e o fascínio pelo desconhecido, planejado porém imprevisto retornou. Só existe uma coisa melhor do que sentir o que estou sentindo agora, sentir tudo isso junto com todos que amo, porque se não há com quem dividir não faz sentido viver.
Camarada Zinner não pode se juntar a mim nesse pedal, continuo “solito”, sempre acompanhado por todos que amo. Já estou quase começando a planejar a 4° etapa, “os que tiverem afim”, vamos planejar juntos! Que venham os vulcões do Ecuador...
Sex, 19 de Fevereiro de 2010 04:24
Acordei, verifiquei o email para saber se havia alguma novidade de Zinner e nada! Fui para o aeroporto verificar se seria possível antecipar minha volta, a resposta foi um categórico não, que agora não era o que eu queria ouvir, mas é a resposta correta. A volta é dia 28/02, embarque em Quito, não faço a mínima idéia do que vai acontecer ate lá!
16/02 - Naranjal / Guayaquill
Sex, 19 de Fevereiro de 2010 04:23
Sex, 19 de Fevereiro de 2010 04:23
Será? Efeito “ina”... pedalei sob efeitos duplos de taurina e cafeina, V220 é o nome do energético concorrente do “vacuno rojo” por essas bandas. Pedalei como um “brucutu alado” até Guayquil, sempre em dúvida sobre a continuidade dessa cicloviagem maluca, que está me fazendo brincar com a sanidade. Fazia tempo que não mergulhava tão fundo, me sinto superficial diante desse imenso buraco negro, conforme diz o comandante dos exércitos rojos, camarada Felipe Queriqueli.
15/02 - Machala / Naranjal
15/02 - Machala / Naranjal
Sex, 19 de Fevereiro de 2010 04:22
“Minha vontade é fazer parafuso de rosca quadrada e infinita” (Dervixe de Pinheiros). Nesse momento, em que desejo não estar aqui, não me engano ao pensar que o problema é o lugar. Sou eu! Esse estado de profunda angústia, ausência de sentido, não é o resultado de um dia chato de pedal pelo Equador, em meio às infinitas plantações de banana da provincia de El Oro. O que ocorre é justamente o inverso. O estado interno, que é anterior ao dia monótono de pedal, que determinou minha percepção relativa à esse dia. Merda de dia, como qualquer outro dia de merda!!!
Gostaria de estar em lugar nenhum e contraditoriamente é exatamente ai que estou, pois estou vivendo minha maior utopia. Cicloviajando para promover o uso da bicicleta como meio de transporte!? Fazendo um documentário sobre tudo isso!? Hey, você gostaria de pedalar? Enquanto faço muitas perguntas e penso sem parar, tenho a impressão de que estou falando sozinho, desenhando palavras e imagens que nunca serão lidas.
O que me conforta é que a rigor não podemos encontrar certas respostas, por isso me contento com uma estranha pergunta: “Porque faço o que faço, enquanto faço o que faço?” Aparente redundancia que pode dar um nó em qualquer “miolo”, mas essa circularidade CicloPoietica faz sentido.
A bússula voltou a funcionar!!! Sim, cicloviajar faz sentido! CicloPoiesis é meu não-lugar, minha útopia, exatamente onde me encontro agora e para onde vou amanhã.
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